Além da forma de se relacionar e do modo como os trabalhos são realizados, coronavírus alterou também a alimentação
Vivendo há pouco mais de três meses com as medidas de restrições impostas para conter a curva de contágio do novo coronavírus, as mudanças de hábitos da população já podem ser vistas. Home office, preferência por realizar compras online e até a forma como as pessoas se alimentam passaram por adaptações.
É o que mostra um levantamento realizado pelo Ministério da Saúde por telefone com mais de duas mil pessoas em todo o Brasil.
A pesquisa aponta que quatro em cada dez brasileiros mudaram os hábitos alimentares durante a pandemia, seja de forma saudável ou ingerindo maiores quantidades de alimentos ricos em açúcares. Esse contato perguntava apenas se a pessoa estava comendo mais ou menos do que o rotineiro antes do isolamento social.
Outro estudo, produzido por um grupo de pesquisadores das áreas de endocrinologia, patologia e psicologia, também apurou as mudanças na alimentação da população.
De acordo com os dados coletados, metade dos 1.470 entrevistados sentiu mais vontade de comer, mesmo quando estava sem fome, e 23% ganharam peso no período. Na média, as pessoas engordaram 2,6 kg, oscilando entre um mínimo de R$ 1,1 kg e um máximo de 12 kg.
Por meio de uma busca no Google Trends sobre as receitas mais procuradas desde que a quarentena começou e outra realizada no período pré-pandemia, as que se destacam são: brownie, com alta de 234,2%; esfiha, com 232,8%; pão, com 143,1%; empadão, com 122,3%; e coxinha, com 121,3%.
Essas alterações aconteceram, essencialmente, porque 90% das pessoas estão evitando comer fora, principalmente as que vivem em cidades que ainda possuem isolamento social ou que estão apresentando ascensão no número de casos registrados diariamente.
As informações são oriundas da pesquisa “Alimentação na pandemia: como a Covid-19 impacta os consumidores e os negócios em alimentação”, realizada pela consultoria especializada em food service Galunion, em parceria com o Instituto Qualibest.
O levantamento aponta que entre os pratos preferidos da quarentena estão: pizza (67%), hambúrgueres (47%), comida brasileira (44%), sanduíches (41%), massas (39%), grelhados/churrascarias (36%), doces e bolos (32%), salgados (31%) e açaí (29%). Também há a preferência de 93% dos participantes por cozinhar seus próprios alimentos.
"A gente tem escutado relatos de alguns pacientes que mudaram sua alimentação para melhor, porque passaram a cozinhar em casa, com a família, e a ter mais tempo para fazer as refeições", afirma Marcia Nacif Pinheiro, professora do curso de Nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.
"Quando a gente come fora, não tem como controlar a preparação dos pratos, dosando a quantidade de óleo, de sal e de açúcar", complementa.
Quanto ao uso de serviços de delivery, apenas 16% continuam utilizando o serviço com a mesma frequência, enquanto 27% diminuíram o número de pedidos.
Deles, 56% demonstram que a principal preocupação é a forma como a comida é preparada, 19% também preferem saber como o alimento é embalado e 17% na forma como é transportado e entregue.
Entre os consumidores que optam por esse serviço, fatores como “restaurantes perto de mim” e promoções e descontos influenciam na compra, já que 42% das pessoas compram apenas nos restaurantes que confiam, 20% optam pelos estabelecimentos com promoções e descontos, 13% escolhem produtos de restaurantes que têm frete grátis e 6% selecionam aqueles que têm a entrega mais rápida.